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Meu nome não é Johnny

  • Foto do escritor: José Lurker
    José Lurker
  • 27 de jul.
  • 2 min de leitura

"E agora, José?

A festa acabou"

Carlos Drummond de Andrade


Confesso que por muito tempo evitei ver esse filme. A temática é clara: tráfico, cocaína, festas, vida noturna.Todos elementos que podiam desencadear "gatilhos", pensamentos automáticos e intrusivos, memórias eufóricas, uso de drogas, recaídas. E muita gente falou: não, este filme não é para você. Recentemente, eu já estava recaído mesmo, resolvi assistir o filme (PS: felizmente agora estou limpo, só por hoje).

Bingo

Gosto muito do Selton Mello. Acho inteligente, criativo, espirituoso, alguém que possui um senso de humor particularmente ácido e incomum, além de tratar-se de um excelente ator. Bingo. O filme é excelente. Narra a história de um garoto de classe média carioca - João Guillherme Estrella, na vida real - típico jovem da Zona Sul do Rio, que se envolve, ativamente, no tráfico de drogas - particularmente cocaína - e se torna um dos maiores fornecedores de pó da noite carioca. Mas não apenas trafica - ele usa a droga em quantidades industriais. Apaixona-se por Sofia (Cleo Pires), uma mulher lindíssima, participa de tráfico em larga escala e tráfico internacional. Ganha muito dinheiro. Rios de dinheiro. E diverte-se. Seu apartamento vira um parque de diversões: Droga, álcool, mulheres, a festa all night long. Sofia começa a se retrair: aquilo tudo a está cansando - não quer mais aquela vida.

Um dia a casa cai

Um dia a casa cai. Johnny é preso em um apartamento com 5,5kg de cocaína, junto com 2 outras pessoas. A história passa a se modificar no decorrer do seu processo judicial. Contrariamente às orientações de seu advogado, que lhe sugeria negar qualquer envolvimento com a droga, assume que a cocaína lhe pertencia. Assim, livra os dois cúmplices - um deles uma mulher que alegava uma conversão religiosa e passa a afirmar-se inocente e ludibriada por Johnny. Ele vai para a prisão comum. Apesar de ser um boy da zona sul, é respeitado pelos líderes do cárcere. A barra é pesada. Mas ele aceita o desafio que a vida lhe impõe. Depois passa pelo manicômio judiciário - pode-se usar como sinônimo dessa passagem o inferno.

Baseado em fatos reais

O filme é baseado em fatos reais. João Estrella - o verdadeiro Johnny - passou 2 anos na prisão e foi solto após cumprir sua pena. Hoje está limpo. Faz palestras, onde conta sua história de ascenção, queda e superação. Enfim, eu não precisava ter receio. O filme vale aa pena ser visto, mesmo por adictos. Sim, se você ver alguém cheirando uma linha e isso lhe causar um desejo incontrolável de usar, se é um gatilho para te remeter de volta ao inferno, melhor evitar. Mas se você quiser ver um bom filme brasileiro, onde não existem bandidos nem vilões, que trata de pessoas que se meteram em confusão por estarem nos lugares errados na "hora certa", é uma boa pedida. Um filme que trata sobre adicção e que pode certamente trazer boas lições. Veja o trailer aqui.

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